sábado, 24 de abril de 2010

A princesa e o alquimista=3


Mesmo com todos os esforços de Sophie para encontrá-lo Marvin estava trancado em sua oficina laboratório, pois tinha que aperfeiçoar suas técnicas se quisesse pegar o fantasma. Ele trabalhou durante três dias seguidos. A essa altura Sophie estava quase morrendo. O que a sustentava era a presença de Anny, que viera visitá-la e saber como ela conseguira fazer a carta brilhar. A princesa Anny era mais que uma prima para Sophie, era quase uma irmã, elas cresceram juntas até que o rei Carlos foi nomeado e se mudaram para o reino vizinho. Elas sempre mantiveram contato e uma sabia tudo sobre a outra.
Anny tentou acalmar a prima quando soube da loucura que Marvin estava fazendo, mas não conseguiu disfarçar que também estava preocupada. Tinha visto o alquimista umas três vezes, mas já gostava dele. Achava que era o rapaz certo para Sophie.
A rainha Alexia estava às voltas com o marido, tentava convencê-lo a dar a permissão de casamento mesmo que Marvin não conseguisse capturar o fantasma, desde que voltasse vivo, ela não via nenhum problema. O rei negou todos os pedidos de Alexia, Sophie e até mesmo de Anny. Queria ver até onde Marvin iria com aquela história.
O reino todo já estava sabendo da proposta, estava até rolando um bolão de aposta. A mãe de Marvin, Clarissa, estava preocupada com o filho, mas também estava confiante, sabia que Marvin estava se esforçando ao máximo, pois o motivo era muito importante para ele.
Marvin mal sabia a confusão que havia causado, o assunto era comentado em todo lugar, menos na igreja e no castelo, pois o rei Carlos havia proibido. Praticamente, só o padre e os surdos não tinham ouvido falar na história de “Marvin, o caçador de fantasmas”.
Dias se passaram até que o garoto saiu da oficina e disse que estava pronto. Ele falou com o rei para que mantivesse as ruas do reino vazias para que seu plano desse certo. O rei aceitou e mandou os vigias prenderem a todos que estivessem na rua após o anoitecer. Sophie nem conseguiu dormir, ela e Anny ficaram a noite toda olhando pela janela para ver se conseguiam ver alguma coisa. Marvin saiu de casa e foi direto para a frente da igreja verificar se sua armadilha estava pronta. Tinha armado tudo antes do anoitecer enquanto todos estavam na missa. Conferiu tudo e certificou-se que estava bem escondido atrás de um arbusto ao lado da igreja. Esperou por muito tempo até que ouviu passos apressados em direção a igreja. Preparou-se para apanhar o tal fantasma quando ouviu:

domingo, 4 de abril de 2010

A princesa e o alquimista=2

O rei Carlos caçava ao menos duas vezes por mês, ele não caçava exatamente, era mais uma fuga. Ele saia com os companheiros para montar acampamento e se divertir, mas nunca trazia nenhuma vítima da caçada. Sophie aproveitava essa saída para curtir o dia com Marvin. Alexia aceitava mais o relacionamento dos dois, sempre gostou do garoto e adorava alquimia, sempre quis estudar esta ciência, mas era proibido para mulheres, então aproveitava o genro...
- Olá crianças! Marvin será que você faria mais daquela poção removedora de manchas, é que as roupas de Carlos voltam imundas das caçadas.
- Claro, rainha. Amanhã a poção estará em vossas mãos. – disse Marvin fazendo uma reverência para a rainha.
- Ótimo, Sophie, lembre-se de escrever para sua prima Anny. Na próxima semana ela fará dezessete anos.
- Tudo bem, mamãe, não esquecerei. – disse Sophie imitando a reverência.
- Ótimo, agora vou deixar vocês dois sozinhos, aproveitem o jardim, os guardas estão nos portões.
- Certo.                                                       
O rei Carlos não gostava de deixar o castelo desprotegido, morria de medo de um ataque enquanto estava fora, então espalhava os guardas pelas entradas do castelo e apenas três ou quatro cuidando dos problemas internos. O que dava a Sophie e Marvin muito espaço, inclusive o “Jardim da Rainha”, ele ficava no centro do jardim principal e só se entrava com a permissão da rainha, ou acompanhado da responsável pelo lugar, que por uma enorme coincidência do destino era a mãe de Marvin.
Os dois estavam deitados em um dos bancos do jardim, Marvin fazia cachos no cabelo de Sophie enquanto ela brincava com uma flor que ele tinha dado.
- Sabe de uma coisa, princesa, estou desenvolvendo um sistema de segurança para o castelo.
-E em que consiste esse sistema alquimista?
- É basicamente de cordas e roldanas, mais acho que precisa de mais coisas.
- Ora, parece que alguém quer agradar o rei...- Sophie sentou para olhar o namorado.
- Quem sabe... Pode funcionar?- Marvin respondeu como quem pede desculpas.
- É, talvez...
Ao dizer isso Sophie deu um beijo no rapaz e saiu correndo, logo ela e Marvin estavam correndo pelo jardim feito duas crianças livres. Os dois passaram o dia todo juntos, Marvin deu um pó brilhante para Sophie decorar a carta de Anny e quando ela acabou de escrever a carta Alexia chamou Sophie.
- Os guardas disseram que o rei está vindo, acho melhor se despedirem.
Os dois acertaram o próximo encontro e se despediram. Durante a semana tudo correu bem até que surgiu a história do “Fantasma da igreja”.
Diziam que alguma alma penada estava andando pela cidade, que pegava objetos valiosos e os levava para a igreja, pois havia pegadas que acabavam na porta, como ninguém queria montar guarda ou vigiar a igreja por medo, a história durou algumas semanas, até que Marvin decidiu fazer alguma coisa.
- O quê você está querendo? Disse o rei Carlos quando o garoto entrou no salão principal.
- Permissão para investigar o caso do fantasma. – disse Marvin, com segurança.
- Você enlouqueceu de vez, foi? – disse Sophie assustada. – Já pensou no perigo?
- Eu acho que, se o garoto quer se arriscar pelo reino, é um direito dele!
- Espere majestade, eu não disse tudo- Marvin se dirigiu para mais perto do rei- Se eu consegui cumprir minha missão quero permissão para desposar a princesa Sophie.
- O quê?! Ah, e você realmente tem esperança de sair vivo. Olha, Marvin, para sua informação, eu não posso me casar com um homem morto!
- Exatamente minha filha. Eu lhe permito investigar. E se, somente se, você sair vivo dessa, poderá casar com a minha princesa.
- Pois eu lhe digo que pegarei o fantasma e voltarei para casar com Sophie.
- Pois, se voltar, poderá casar-se com ela e será homenageado por manter a segurança do reino.
- Não exijo a homenagem, somente a princesa.         
Sophie procurou uma forma de encontrar e convencer Marvin a desistir daquela loucura toda. Ela queria permissão para casar tanto quanto ele, mas preferia continuar como estava que ver o garoto morto.