sábado, 1 de outubro de 2011

Flores no Parque

Sempre os vi, no mesmo banco, quase sempre no mesmo horário, pareciam felizes. Deviam estar juntos há algum tempo e ele sabia o sabor do sorvete, recheio dos churros e a quantidade de sal na batata frita sem perguntar nada. Ela era realmente encantadora, sempre com vestidos floridos e um salto discreto, o que não combinava em nada com a calça jeans velha e as blusas das bandas de rock que ele sempre usava. Mesmo destoando os estilos, era fácil perceber que eles combinavam completamente.
            Os encontrei em um restaurante, estavam sozinhos em uma mesa de canto. Ela não estava sorrindo, ele segurava a mão dela como se aquilo fosse a única coisa que o mantinha ali no momento. Seus olhos estavam preocupados e os dela fugiam como se quisesse esconder as lágrimas. Os dois ficaram um tempo sem visitar o parque.
            Quando finalmente voltaram, seria difícil reconhecer-los rapidamente, ela havia cortado o cabelo. Continuava encantadora, porém parecia cansada, ele fazia de tudo para que ela sorrisse, sempre que passava um vento frio, ele a abraçava ou colocava a jaqueta em seus ombros. Na noite do Dia dos Namorados havia barcos, no lago central do parque, com casais comemorando a data, um deles chamava atenção. Um barco pequeno, iluminado por uma luz vermelha, que entrava em contraste com o céu negro, o que de fato dava certo charme a toda à cena. Ouvia-se a risada dela vindo daquele barco.
            Eles apareceram no parque mais algumas vezes, ela parecia mais serena do que as últimas vezes, ele se mostrava sempre muito atencioso, era bonito ver como o amor deles durava e aumentava, mesmo com o tempo passando.  
            Durante algumas semanas ele apareceu sozinho no parque, chamava atenção o fato dele ter raspado completamente o cabelo, o que não combinava com seu estilo, pois sempre exibiu uma longa cabeleira na qual ela ficava horas entrelaçando os delicados dedos. Eles estavam juntos, apesar dela não estar com ele no parque, ele sempre levava dois churros, ou dois sorvetes, e um deles sempre era de acordo com as preferências dela.
            Algumas semanas se passaram até que ele foi ao parque novamente acompanhado por ela, ela aparentava estar com o cabelo mais curto, pois estava com um lenço que parecia cobrir todos os cachos. Dessa vez eles estavam apenas passeando, não pararam para comprar nada, nem ao menos sentaram. Nem mesmo a chuva leve de primavera deteve seus risos, ele tentou protegê-la com o guarda chuva, mas ela queria sentir as gotas de água, parecia uma criança tomando o primeiro banho de chuva. Foi a última vez que apareceram naquele parque.
            Algumas semanas depois, no banco do parque onde eles sempre sentavam havia uma flor, delicada como ela, na verdade se bem me lembro era uma das flores mais freqüentes em seus vestidos.


 (texto escrito pra medida de eficiência da máteria Produção Textual II)

Um comentário:

Anônimo disse...

É uma história muito bem narrada, que tem várias histórias, apesar de mostrar sempre uma mesma situção semelhante. Tem começo, meio e fim, mesmo que deixe muitos detalhes na imaginação. Considero um bom resumo de uma história de vida amorosa.